sábado, fevereiro 28, 2009

No meio do caminho havia um Diabão

por Isoca

Foi durante um Carnaval há alguns anos atrás. Solteira (pra variar), resolvi passar o Carnaval aqui no Rio mas tentando aproveitar os blocos de rua pela primeira vez, o que até então não era “moda” pros jovens cariocas. Todo mundo viajava ou então aproveitava o que não conseguia no resto do ano já que os lugares ficavam mais vazios.

Minha amiga, na época namorava um exímio folião de Carnaval carioca de rua. E fomos nós lá pro Cordão do Bola Preta, o bloco mais tradicional do Rio, no sábado de Carnaval cedinho. Eu, com fobia de multidão (acho que já melhorei, mas na época era sinistro), tive que tomar dose dupla de caipivodka lá pelas 10 da manhã pra dar uma relaxada. E tudo caminhava bem, a multidão super diversificada cantando as marchinhas de Carnaval, o que eu adoro, e durante o percurso tive que tomar algumas ices já que não podia voltar ao estado normal de tensão.

Na época eu estava apaixonada por um menino que era meu amigo, mas que acabou virando um romance de pouco tempo. Uma coisa louca. Acho que foram os dias mais felizes da minha vida. Eu apaixonada e ele tbem. Caraca!!!!!! Menos de um mês depois, o cara me liga com aquele bla bla bla de que o problema não era comigo, era com ele, etc. OLHA, JÁ OUVI ISSO ALGUMAS VEZES. ACHO QUE O PRÓXIMO QUE FALAR ISSO PRA MIM, VAI LEVAR UM SOCO!!! Rs

Mas voltando ao Carnaval, o pior não poderia acontecer. O tal cara que eu era apaixonada resolveu ir no bloco e eu encontrei ele. Qual era a chance de eu encontrar um mauricinho que não gosta de Carnaval no maior bloco de rua do mundo? Tava lá com uns amigos, um bando de mulher. Não entendi se alguma já era dele ou não, mas era uma conspiração.... fiz questão de sair de perto.

Fui pro outro lado e eis que me aparece um cara vestido de diabo: uma calça legging preta com capa e rabo vermelhos, orelhas pontudas e é claro um baita de um garfão. Bonito o cara. Loiro, olhos azuis, dava pra ver que era classe média, e se divertindo sozinho ali no meio da multidão misturada. Já era quase fim de bloco e o cara veio com aquele papo. E eu transtornada, ainda mais depois do que bebi após encontrar o mauricinho na multidão.

Enfim, depois de muito lero lero, me atraquei com o diabo. E enquanto a gente se beijava percebi que uma roda se formou em nossa volta e começamos a ouvir do povo que vinha acompanhando o flerte, aplausos e um grito coletivo “beija, beija, beija,....”. Que vergonha...mas tava engraçadíssimo... depois continuamos e aí os gritos se tornaram individuais “Beija Diabo!”, “Pega Diabo!”. Meu Deus!!!! Acho que eu nunca me meti numa situação tão engraçada e inusitada...

Saímos de lá morrendo de fome e, como estavamos sem dinheiro, pegamos um taxi pra ir até a casa dele onde ele subiria enquanto eu esperaria no táxi. Fomos. Ficava ali no Largo do Machado. O diabão desceu do carro e o Taxista, um ogro, começou a ficar nervoso com a demora do homem. Ele tava realmente demorando, mas enquanto isso eu fiquei discutindo com o taxista que o taxímetro tava ligado e que não era pra ele reclamar. Resolvi descer do táxi e entrar no prédio que vi o sujeito entrando pra perguntar. Mas convenhamos, que vergonha pra perguntar pro porteiro: “Moço, é..... por acaso foi aqui que entrou um rapaz loiro vestido de diabo?”. Eu não sabia nem o nome do cara e o apê era da irmã dele. Tive um ataque de riso e o porteiro junto. Graças a Deus, ele tinha visto o diabão entrar. Ufa! Rs

Voltei pro táxi e logo o cara desceu, já sem a roupa de diabo (ahhhh). Fomos pra Lapa e comemos no nova Capela. Conversamos bastante e o cara era o meu número. Inteligente, ótima companhia, beijo gostoso, etc. É claro que tentou me rebocar pra outro lugar depois do almoço, mas eu me contive apesar de todo o charme e carisma daquele homem. Trocamos o telefone e até fiz uma investida pra sair com ele de novo, mas percebi que ele tinha uma alma livre e que nunca seria meu.

Uns 3 anos depois, o reencontrei numa casa noturna na Lapa, falei com ele que se lembrou de mim e foi super receptivo, mas acho que tava acompanhado. Não me incomodei. Só fiquei nostálgica com o episódio engraçado. Nunca mais conheci um outro “diabão” especial pelos carnavais do Rio. Pena!

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

O resto da minha vida..... :-)

por Isoca

É galera, o ano começou trazendo novidade.

Tudo começou com um furacão que passou e levou o meu emprego na terça antes do carnaval. Confesso que senti, e ainda estou sentindo, um misto de alívio com medo. Mas tenho a certeza que foi um ciclo que tinha que ser fechado pra outro se abrir.

Amanhã é qdo o ano realmente começa e depois de 7 anos e 4 meses trabalhando na Oi, não tenho a menor idéia do que fazer com o tempo sobrando. Sim, é ridículo, mas é a pura verdade. hehehehe.

Vou dar uma viajada pra pensar na vida e descansar. O carnaval me deixou exausta...vejam no meu orkut...rs...
Na verdade, estou precisando colocar energia no meu lado debochado (Sim! Ainda é possível piorá-lo. rs) pra colocar aqui todas as minhas estórias de solteira que não consegui escrever esse tempo todo.
Aguardem. Em breve escreverei novas estórias!

Bj

sábado, fevereiro 14, 2009

Atenção aos sinais de tédio!

Minha amiga, e por coincidência estagiária rebelde, Flavinha - vulgo Chapinha - outro dia no almoço levantou um assunto bastante interessante.

Ela contou a estória da irmã (acho que era a irmã) que combinou com um cara que não bebia. O cara ficou no "suquinho" a noite inteira e a noite um saco.
Aí ela já emendou numa teoria (acho que era de uma amiga dela) sobre um tema já discutido algumas vezes aqui neste blog: a bebida. Porém vejo que a teoria se aplica também a outras coisas, mas vamos logo explicar do que se trata.

Reparem minhas caras leitoras, se é que existe alguma, se o cara tem uma barriguinha de chopp. Se o cara não tiver, há uma grande probabilidade de ser tédio a vista. Procure saber se é uma questão genética ou se ele é comedido. Se for a genética, agradeça a papai do céu por poder levar um Deus Grego a beber até cair com vc, ou seja, diversão garantida... rs

Outra situação: se o cara for mega marombado, não come doces, sal, carboidrato etc, esse com certeza é uma mala sem alça e livre-se dele o mais rápido possível....

Eu mesmo tenho um caso pra contar sobre esse tema. Qdo tinha meus vinte e poucos anos, fui numa discoteca aqui no Rio que era uma pegação só. Sabem como é ? Solteira e novinha... enfim... eis que me vi na pista da dança (que era uma lata de sardinha) e um rapaz alto e narigudo fez uma brincadeira comigo qdo notei que estava dançando no meio de sua rodinha de amigos. Rindo, saí super sem graça, mas aquela brincadeira me encantou de alguma forma. Enfim, resumindo bem a estória, fiquei a noite inteira sem ter coragem de chegar nele mas em determinado momento, após algumas frozens, conseguir ir até ele e falar super envergonhada "poxa... desculpa.. mas será que vc poderia me dar o seu telefone?". Aí eu não preciso dizer que nos beijamos ? Tão romântico.... rs

Eu tava super hiper mega apaixonada por aquele homem que era fanático por academia e afins. Quase não bebia, gostava de comer peixinho que era mais leve e um dia me repreendeu qdo eu confessei que tinha comido uma cocada feita em casa. Muito inacreditável. A rotina era meio entediante, tínhamos que malhar todos os dias alem de trabalhar e fazer muita dieta. Na época eu achava tranquilo mas olhando hoje em dia, SOCORRO!!!

Ficamos saindo por um mês eu acho e depois oficializamos que estávamos namorando, mas ele terminou comigo 15 dias depois da oficialização. Suprimi esse namoro do meu cv de namoros... pq é que nem dizer que eu trabalhei na Sulamerica por somente 1 mês (o que é verdade). Pega mal pro contratante!!!!! Mas eu conto pra vcs, pq sei que vai ficar só entre nós...rs

Portanto meninas, fiquem de olho nos sinais proporcionadores de tédio. Melhor sair com um feio, ótima companhia que um sarado entediante.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Conto de Desencontro

por Isoca

Comecei a procurar pelas peças perdidas. O quebra-cabeça que vinha fazendo estava praticamente pronto, mas faltavam algumas peças, curiosamente de uma mesma área daquele imenso tabuleiro. Procurei pela casa inteira, em cada cantinho possível e não consegui encontrar. De repente, me veio uma imagem do jardim em frente à casa, o que só poderia interpretar como sendo meu sexto sentido me incentivando a procurá-las por lá.

Era um jardim mal cuidado, o mato estava na altura dos meus joelhos e, olhando de longe aquela imensidão, não havia nada que se destacasse. Tracei uma estratégia para não deixar de olhar nem um único centímetro daquele terreno, comecei a executa-lãs e estava tão concentrada na minha busca, que deixei escapar que havia algo ali além do mato.

Após alguns minutos, percebi que algo me afligia. Não sabia ao certo o que era, mas me desconcentrou. Parei e olhei ao meu redor e, naquele instante, pude perceber que estava rodeada de flores bonitas e vivas: rosas, lírios, flores do campo, dentre outras. Fiquei um pouco mais ali deslumbrada com o que estava vendo. Como podia um simples jardim mal cuidado esconder tantas surpresas?

Caminhei um pouco mais e me deparei com uma plantinha que me parecia familiar, mas não conseguia identificá-la. Muito intrigada, sentei-me para observá-la melhor. Percebi que ela parecia não ter o mesmo vigor das outras flores daquele jardim e havia algo parecido com um pó que a revestia. Como era misteriosa! Coloquei a mão na planta delicadamente e tentei tirar um pouco daquele pó, mas era tão fino e grudado nela que não obtive muito sucesso. Então me contentei em sentar e contemplá-la por alguns minutos mais, até que me dei conta que tinha que voltar à casa.

Fiquei com aquela imagem na minha cabeça o resto do dia e não via a hora de acordar no dia seguinte para revê-la. Desta vez levei água e um pano que me ajudasse a limpá-la e passei alguns bons minutos fazendo exatamente isso cuidadosamente. Após tirar o excesso do pó grudado na flor, fiquei pasma por alguns segundos pelo que acabara de descobrir: era uma orquídea. Como poderia ser tão linda, rainha e... orquídea, sem ser alegre. Sorri e quando me dei conta já estava cantando pra ela a canção do mestre Pixinguinha. Foi feita pra rosa, mas pra mim naquele momento eu tinha certeza que tinha sido feito para aquela orquídea encantadora:

"Tu és divina e graciosa, estátua majestosa
Do amor, por Deus esculturada
E formada com ardor
Da alma da mais linda flor de mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor
Se Deus me fora tão clemente aqui neste ambiente
De luz, formada numa tela deslumbrante e bela
Teu coração, junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado sobre a rósea cruz do arfante peito teu
(...)
Tu és de Deus a soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração sepultas um amor
O riso, a fé, a dor em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela, és mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
Em todo resplendor da santa natureza (...)
"

E passei mais algumas horas somente admirando-a e cantando.
Aquele momento com a minha flor tinha sido mágico e passei o resto do dia a lembrar dela, o que me deixou até mesmo ansiosa para poder revê-La no dia seguinte
A noite se foi e acordei com um sorriso enorme, o sol já tinha aparecido e eu já podia ir lá encontrá-la. Ao chegar ao local não consegui acreditar no que estava vendo. Aquele pó estava todo de volta cobrindo a orquídea. Como aquilo era possível? Não tinha a resposta, mas imediatamente voltei à casa pra buscar a água e o pano para limpá-la novamente. Depois simplesmente fiquei conversando com ela e cantando a nossa música. E segui fazendo esse mesmo ritual dias e dias sem pestanejar. Às vezes tinha a impressão que o pó diminuía, outras vezes concluía que era somente o meu querer influenciando meus olhos.

Um belo dia, exaurida por aquela rotina de limpá-La todos os dias, fui somente até ela e fiquei a observá-la tentando desvendar a origem daquele pó que crescia do dia pra noite. Era um mistério que eu não conseguia desvendar e então comecei a conversar com ela em voz alta perguntando o porquê daquilo.

- “Ela está se protegendo, minha cara jovem”, alguém respondeu. Olhei pra trás e vi um senhor que não conhecia, mas que parecia ser muito sábio e grande conhecedor daquele jardim.
- “Mas se protegendo de que? Eu não entendo”, respondi.
- “Ela cria essa substância pra se proteger das sensações profundas como o frio, o calor, a chuva, o vento, o toque, o cheiro da terra molhada...”, retrucou.
- “Mas como pode uma linda orquídea se proteger das coisas que são tão essenciais para o seu vigor? Como consegue viver sem sentir o olor das outras flores e exalar o seu próprio? E como será na primavera? Ela sempre será triste?”, perguntei num tom de desabafo e desapontamento.
- “São as escolhas da vida”, disse o senhor com a expressão um pouco decepcionada. Virou as costas e foi embora.

Nunca mais o vi em lugar nenhum.
Senti uma enorme frustração e tristeza por perceber que o meu carinho e dedicação não eram suficientes pra minha orquídea se sentir mais forte e, assim, deixar de se proteger daquelas coisas que a fariam mais feliz. Fiquei um pouco mais de tempo lá a contemplando, mas decidida a não cumprir mais aquela rotina, cantei pela última vez a nossa música como uma grande despedida e voltei pra casa.

Algumas semanas se passaram e, recordando de todos os fatos passados nos dias que estive naquele jardim, me veio a lembrança abrupta do meu quebra-cabeça e das peças perdidas que procurava. Meu Deus, como fui me esquecer do meu quebra-cabeça? Coloquei como meta pro dia seguinte procurar de novo pelas peças perdidas em cada cantinho da casa.

Ao amanhecer no dia seguinte, me vi de novo procurando as mesmas peças nos mesmos cantos da casa, mas como estava mais tranqüila, enfim consegui ver o que olhei e não enxerguei. As peças estavam logo ali, escondidas em baixo da cama, ao lado do quebra-cabeça. E como pude eu não achá-las se estavam ao meu lado?

Enfim completei meu quebra-cabeça que era baseado em uma foto de uma paisagem de algum lugar lindo e tranqüilo, com um lago, montanhas e jardim num belo dia de primavera, quando o céu está azul e as flores estão mais radiantes do que nunca. E então, olhando-o completo ali na minha frente, me sentindo super orgulhosa, uma grande surpresa tomou conta de mim. As peças perdidas faziam parte do jardim daquela paisagem e a ultima peça que usei para completar o quebra-cabeça era de uma orquídea.

Fiquei atônita pela coincidência. E depois, com mais calma, reparei como aquela orquídea da foto era diferente daquela outrora “minha orquídea”. Ela tinha vida e era alegre, sem medo das sensações e emoções, muito mais parecida comigo. E foi nesse momento que um ciclo se fechou e um novo se abriu já que muitas coisas começaram a fazer sentido pra mim.

Voltei algumas vezes àquele jardim, mas nas poucas vezes que fiz isso, olhava de longe aquela orquídea com o pó. Nunca deixei de torcer para que um dia ela volte a ser uma flor com vigor que irradia alegria pra todo aquele jardim. Tenho a certeza que um dia ela conseguirá.

 

Solteira no Rio de janeiro